sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

BR135 e um sonho chamado Badwater

Minha 10ª Ultramaratona não podia ser em outro lugar se não no Caminho da Fé, BR135 2013

Nos dias 18, 19 e 20 de janeiro de 2013 foram dias muito especiais para mim, minha 2ª Participação na BR135, agora competindo com os atletas que antes de tudo são idolos para mim, uma experiência gratificante que só quem corre a BR135 sabe o que significa.

No dia 17 no pré racing muita expectativa marca o evento com todos os atletas presentes, muita conversa com outros atletas brasileiros e estrangeiros, nesta edição tive a felicidade de conhecer Andre Kajlich, americano, biamputado, que correu na BR135 e completou o desafiante percurso em 63 horas



As 8h do dia 18 foi dada a largada para aproximadamente 200 atletas entre solo e revezamentos, muita energia positiva e confiança no inicio da prova. Larguei concentrado e puxando o ritmo, ciente que meu desafio era grande e não podia vacilar, logo nos primeiros 20km já me encontrava entre os 10 primeiros colocados, mas como a prova é muito extensa e cheia de surpresa corria sempre de forma equilibrada.






A prova foi muito dura após o pico do gavião o calor era intenso e começou a castigar os corredores, minha equipe de apoio tinha que ficar o tempo inteiro me molhando para resfriar o corpo e as vezes colocava gelo no boné para resfriar a cabeça pois sentia as veias pulsarem. Durante grande parte da prova fiquei oscilando de posição com o Americano Mark Matyazic. Chegamos na Serra dos Lima, um verdadeiro inferno com subidas interminaveis, na ultima subida senti uma tontura muito forte e nauzeas, tive que parar e sentar um pouco, bem no topo da Serra, estava um pouco a frente do Mark que também chegou no topo da Serra e parou atrás do meu carro de apoio. Neste momento troquei de tênis, e comi um sanduiche de pão, queijo, peito de peru e tomei uma coca-cola. Voltei para a prova, mas o Mark continuou parado.

O ritmo melhorou e o mal estar passou, desci a Serra que Leva a Barra muito rapido e com o meu pace Oraldo puxando o ritmo, nem percebia o quanto esta bem na prova, pois rapidamente cheguei a Crisólia, quando parei para comer um purê de batata. Continuamos bem até eu errar o caminho logo após o trevo de Incofidentes, foram 4 km a mais que custaram caro na classificação.  Minha equipe de apoio me manteve motivado e permanci concentrado pois sabia que não adiantava me irritar, pois ainda tinha muita prova pela frente e não podia desperdiçar energia.

Mantinha o ritmo, chegamos a Bordas da Mata, já haviamos percorrido 134km e cheguei muito bem, lembrei que no ano anterior ali tinha sido o meu pior momento. Fizemos uma parada bem rapida apenas para tomar um copo de café preparado pelo Fernando que dava apoio para as Ultras de Vitória (Katryny e Jade).

Seguimos em frente, eram ainda 3 da manhã, a caminho da cidade de Estiva. Passamos por Tocos do Mogi e na estrada que leva a Estiva avistei dois corredores (Aureo e Débora Simas) veteranos experientes na BR135 e que sempre ficam entre os primeiros e eu um garoto perto deles, me senti motivado e puxado pelo pacer apertei o ritmo e ultrapassei os dois.

O Desespero - Logo depois de passar por Aureo e Debora, começaram as fortes subidas e descidas para Chegar a cidade de Estiva, minhas pernar começaram a apresentar sinais de desgaste, não conseguia mais fazer as descidas correndo, as pernas doiam demais. Fui novamente ultrapassado pelos dois, cheguei em Estiva literalmente arruinado, sem forças nas pernas, não conseguia andar, assim que chegei os dois olharam para mim, deram um sorriso e partiram para Consolação. Deitei no chão e os problemas começaram, não conseguia me mexer, minha esposa fez massagem, tentou me alongar, mas só de mexer nas pernas doia tudo, tomei um açai, mas nada resolvia, comecei a dizer que tinha chegado ao fim, que não daria mais para continuar. Minha equipe de apoio começou a gritar comigo me dizendo que não tinha chegado até ali para desistir que tinha um objetivo e não podia esquecer dele. Eram 9h da manhã e faltava somente uma Maratona ( 40km). Lembrei do André e pensei que ele deveria estar sofrendo 1000 vezes mais do que eu. Tomei coragem e me levantei cambaleando os pés não levantavam do chão tive que ir arrastando como se estivesse andando de patins.

Aos poucos fui me animando e inclusive voltei a correr em alguns trechos. Chegando em consolação a primeira surpresa, o Aureo estava deitado com uma toalha no rosto, passei por ele e segui em Frente, ao chegar na cidade de Paraisópolis, agora faltam só 18km. Na saida da cidade de consolação encontrei novamente com a Debora e sabia que até a subida que leva a chegada eram aproximadamente 8km plano para depois encarar uma subida de 7km , pensei que se chegasse no pé da subida na frente dela não perderia mais. Falei com meu pacer que ele teria que puxar o ritmo até o pé da subida e assim foi feito. Corri muito até o pé da subia, fica repetindo em minha mente insistentemente " Não há dor, não existe dor" e fui correndo sem parar alucinado impressionado com que estava acontecendo. Chegamos até a subida e fomos administrando até a chegada. Foram 32h 29min de muita alegria, amizada e superação.
Terminei na 4ª Colocação Geral, mas com sentimento de dever cumprido.

Estou próximo de um sonho, chegar na BADWATER, mas agora só resta esperar e torcer. Deus conhece os caminhos e os desejo do Homem, se for da vontade dele estarei lá para aprender com o Vale da Morte.

Sempre tiro muita aprendizagem de todas as ultra que participo. Nesta edição da BR135 aprendi com o biamputado André Kajlich que o impossivel só existe para quem não Acredita.

Gostaria de agradecer a Apoio Andaimes, MHP, Vila do Açai e Academia Gymclub que tormaram o sonho possivel e minha equipe de apoio: Viniciu Villar ( Motorista), Tainá (Coordenação da equipe) e Oraldo (pacer) sem vocês não teria conseguido.

Obrigado!






6 comentários:

  1. Prof. e Ultra Amigo Gusmão,
    Eu e Denilson aqui lendo com muita emoção seu relato e acreditamos que conseguirá muito mais, ficamos muito orgulhosos!! Desde já estamos torcendo para a proxima.
    " Acreditar Sempre"

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  2. Muito orgulho meu amigo!!! Deus escuta sempre o coraçao de um bom homem!! orgulho de ser seu aluno.

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  3. Parabéns pela prova maravilhosa e pelo emocionante relato.

    Estive apoiando o Ultramaratonista Wilson Bomfim e posso afirmar categoricamente: "você está em um grupo seleto de Ultramaratonistas". Enfrentar aqueles 217 Kms é desafio para poucos.

    Caso sobre um tempinho para leitura acesse o blog "Correr é Pura Paixão".

    http://correrpurapaixao.blogspot.com.br/

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  4. Olá,
    Sou Paula Ricupero, repórter da revista O2. Vou fazer uma matéria com o atleta Andre Kajlich e queria saber se posso usar esse depoimento seu. Por favor, envie um email para paula.ricupero@nortemkt.com

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  5. Olá,
    Sou Paula Ricupero, repórter da revista O2. Vou fazer uma matéria com o atleta Andre Kajlich e queria saber se posso usar esse depoimento seu. Por favor, envie um email para paula.ricupero@nortemkt.com

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